Ata do capítulo 8 – As unicidades: A produção da Inteligência Planetária
Aos 9 dias do mês de novembro do ano de 2010 as 15h aconteceu mais uma reunião do Grupo de Estudos de Geografia Histórica sob a coordenação do professor Marcelo Werner. Em virtude dos sucessivos feriados algumas atividades ficaram pendentes tendo que serem resolvidas neste encontro antes que começasse a apresentação do capítulo 9. Dessa forma, Valéria deu início a leitura da ata referente ao capítulo 6 intitulado “O tempo, os eventos e os espaços”. Após a leitura o coordenador Marcelo Werner fez uma pequena abordagem do capítulo 7 com a finalidade de relembrar a apresentação do mesmo.
Felipe, o comentador deste capítulo, iniciou suas considerações destacando que os períodos passam a ter intervalos menores, pois as técnicas propõe isso a medida que adquirem novas formas de energia. A informação também é peça chave nesse sistema técnico atual, uma vez que ela está contida nos objetos que por sua vez não funcionarão sem a informação. Felipe destaca a importância de pontuar essas questões, já que os mesmos estão presentes no capítulo 8. O coordenador intercede no comentário de Felipe lembrando que o capítulo 7 abre a 3ª parte do livro de Milton Santos, o coordenador destaca ainda alguns pontos como: (i) o histórico que Santos faz da periodização; e (ii) os sistemas técnicos como invasores que estão ocupando novos espaços, porém, é uma invasão com limites; (iii) e por fim aborda a evidência das técnicas da informação como principal motor da globalização. Após tais comentários o coordenador convida o grupo composto por Martins, Priscila, Elaine e Keila responsável pela apresentação do capítulo 8 para iniciarem suas considerações sobre o mesmo.
Martins iniciou sua fala explicando o seria a unicidade técnica, a emergência da unicidade técnica e do tempo e do motor único da vida econômica e social. Essas três unicidades são à base do fenômeno da globalização e das transformações contemporâneas.
Martins fez uma pequena abordagem sobre o histórico da unicidade técnica, antes os sistemas técnicos existentes eram locais, viviam isolados, cada grupo tinha sua própria técnica. Ao longo da História houve uma desterritorialização das técnicas, a saída de uma técnica local que se expande para outros lugares adaptando-se, possibilitando assim uma reterritorialização. Segundo Milton Santos isso é uma redução das técnicas existentes.
O século XVI com a expansão do capitalismo e com as grandes navegações propiciou uma “contaminação” mútua das técnicas.
O século XIX foi marcado pela afirmação das técnicas da vida social, a sua difusão teria sido atenuada por motivos políticos, Martins, no entanto, enfatizou que Milton Santos não explica muito sobre isso, apesar disso ele destacou que tais motivos políticos talvez estivessem ligados ao imperialismo. Após a Segunda Guerra Mundial ocorreu a morte dos Impérios e a criação de organismos como a ONU, FMI, Banco Mundial.
Após a periodização da unicidade técnica Martins começou a expor a questão dos ‘Sistemas técnicos hegemônicos interligados’ e deu o exemplo do computador que é igual em qualquer parte do mundo devido ao caráter sistêmico das técnicas. Martins prosseguiu falando sobre a ‘força invasora + caráter sistêmico’ das técnicas que consiste na inserção social dos indivíduos ao se utilizarem dessas técnicas como, por exemplo, o cartão de crédito que invadiu o mundo e possui um caráter sistêmico a medida que em qualquer lugar do mundo qualquer pessoa pode utilizar tal serviço. Ao falar sobre a ‘fragmentação do processo econômico’ Martins discorreu sobre a base do processo econômico das multinacionais que fabrica várias partes de um mesmo produto em diversas partes do mundo. Por fim Martins colocou a definição de Milton Santos sobre a unicidade técnica como uma das mais sucintas deste autor. Assim Martins encerrou sua parte e passou a palavra para a Priscila que começou a falar sobre a unicidade do tempo.
Priscila destaca sobre o que Milton Santos afirma ser a maravilha do nosso tempo, um privilégio de nossa geração presenciar essa simultaneidade dos eventos. Priscila ao citar o exemplo do livro que fala da morte de George Washington e da demora desta notícia deixa claro que a defasagem dessas informações era devido as distâncias e os meios para vencê-la.
Priscila destacou ainda os dois grandes momentos do ponto de vista geográfico que o mundo teve, foram eles: (i) as grandes navegações e (ii) os satélites. Assim Priscila enfatizou que esses dois fatores tornaram possível a circulação da informação que por sua vez ganhou a possibilidade de fluir instantaneamente pelo mundo. Sem a vastidão das informações não haveria sistema técnico universalmente integrado e a globalização não seria possível. Por fim Priscila destacou que apesar de todo o benefício das informações, a informação instantânea e globalizada não é veraz porque esta é intermediada pelas grandes empresas sendo concentrada e controlada. Dessa forma a idéia de aldeia global se torna equivocada a medida que nem todas as pessoas têm acesso a informação. Priscila passou a palavra para Elaine que explicou sobre o motor único.
Retomando algumas palavras de Martins Elaine iniciou dizendo que antes da 2ª Guerra mundial existiam os grandes impérios que funcionavam de forma isolada. Após a 2ª Guerra houve uma universalidade das técnicas e com a criação dos Estados-Nações houve uma padronização dos costumes principalmente o norte-americano possibilitado pela velocidade das informações.
Elaine prosseguiu sua apresentação explicitando a diferença das Multinacionais e das Empresas Globais. Antes as multinacionais possuíam maior autonomia para atuar no território, de acordo com Elaine isto se dava devido à falta de informação. Atualmente com a velocidade das informações as empresas globais estão subordinadas a sua matriz, há uma descentralização dos produtos fabricados, porém no que se refere a tomada de decisões há uma centralidade, propiciando um maior controle das empresas globais. Para finalizar sua apresentação Elaine destacou a imaterialidade das informações e como esta se torna um produto no mercado.
Elaine passou a palavra para Keila que expôs sobre a globalização financeira, destacando que a finança se tornou global constituindo a principal alavanca das atividades econômicas internacionais. O setor financeiro se tornou o verdadeiro regulador da economia. Keila finalizou falando sobre a mais-valia fugaz que tem no lucro o seu principal objetivo. E a principal ironia que Milton Santos coloca sobre a mais-valia é o seu uso para medir a economia global, no entanto, esta economia global não pode ser medida.
Após a apresentação do grupo o coordenador passou a palavra para a comentadora responsável pelo capítulo. Nina iniciou seus comentários elogiando a apresentação do grupo e destacando que a leitura que ela fez deste capítulo a lembrou muito do livro “Por uma outra Globalização” de M.Santos.
Nina destacou a apresentação do Martins e o resgate histórico feito por ele sobre a unicidade técnica. Nina pontuou a relevância deste histórico para evidenciar o caminho dos grandes sistemas técnicos até chegar a unicidade técnica. Ela destacou ainda a importância da informação como possibilidade para a globalização e sintetizou afirmando que a globalização só existe porque há uma base técnica e uma base física para isso.
Nina destaca dois pontos. A primeira seria a fábula da aldeia global, onde nem tudo ficou pequeno. O outro ponto refere-se a questão que muitos autores diante da complexidade da globalização tentam apagar o ‘espaço’, M.Santos por sua vez afirma que o espaço ganha mais importância ainda, se tornando mais importante que o próprio tempo.
Nina concluiu destacando que as grandes empresas controlam as técnicas e por isso elas se tornam perversas, pois estão concentradas nas mãos de poucos atores hegemônicos que exercem não mais uma competição e sim uma competitividade.
Após os comentários de Nina, deu inicio o debate, Elaine destacou três pontos: (i) referente a empresa global – antes a produção se dava em massa, agora com as técnicas facilitou a produção; (ii) importância do espaço – progressos que se deram junto com a informação e a telecomunicação ( como as empresas se utilizam do fuso a seu favor); (iii) Retirada do Estado na economia – a existência de uma mão invisível, porém muito eficaz. O Estado dessa forma ajuda as empresas deixando o social de lado. Candido contribui dizendo que o social não interessa para o Estado.
Hamilton chamou atenção para a existência de uma técnica de sistemas de objetos e ações e uma técnica imaterial. Para exemplificar Hamilton falou do Hospital Sírio Libanez que realiza cirurgias por vídeo conferência.
Valéria destacou sobre a importância do dinheiro exemplificando com um evento em Petrópolis onde não poderia utilizar o dinheiro para adquirir os produtos, a aquisição dos mesmos era feita por meio da troca. Com este exemplo Valéria enfatizou como foi difícil a realização de tal tarefa. Assim Elaine pontuou porque a troca é difícil dando um exemplo: para trocar uma bolsa por um livro, é necessário que uma pessoa que tenha uma bolsa queira um livro que outra pessoa que tem o livro não tenha uma bolsa e que esteja disposta a trocar. Valéria retomou a palavra destacando que atualmente o dinheiro é tão importante que se vendem até os valores morais.
Keila destacou o objetivo do lucro e sua competição desenfreada. O coordenador, Marcelo, enfatizou a especulação financeira atual, destacando a própria especulação feita no Brasil para copa de 2014 que artificialmente cria-se valor para as coisas.
Hamilton destaca a atualidade do livro e perspicácia do autor em analisar o atual em que vivemos. O coordenador, Marcelo destacou que o melhor exemplo e simultaneidade e unicidade foi a queda das torres gêmeas. Laila destacou que este evento quebrou paradigmas, completando Tatiane disse que este evento evidenciou as fragilidades norte- americanas. Felipe destacou que o poder AL Qaeda está no ataque surpresa.
Para finalizar o coordenador, Marcelo completou dizendo que este ataque foi planejado para uma sociedade do espetáculo.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
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