segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Resumo Cap. 2 - O espaço sistema de objetios, sistemas de ação, por Cândido

O ESPAÇO:SISTEMAS DEOBJETOS,SISTEMAS DE AÇÃO

INTRODUÇÃO

No início do século, em seu livro clássico, La GéographieHumaine, Jean Brunhes propõe uma definição da geografia, mediante um exercício de aproximações sucessivas. Após redigir uma primeira tentativa, ele a considera insatisfatória. Daí uma segunda proposta e, afinal, uma terceira. O que há de original nessa démarche é que o leitor acompanha o processo de pensamento do autor, as etapas consecutivas do aperfeiçoamento de sua construção intelectual e o resultado final, que é sua definição da geografia. Tente mos, aqui, o mesmo exercício, não mais em relação à geografia, mas quanto ao espaço geográfico.

Numa primeira hipótese de trabalho, dissemos que a geografia poderia ser construída a partir da consideração do espaço como um conjunto de fixos e fluxos (Santos, 1978). Os elementos fixos, fixados em cada lugar, permitem ações que modificam o próprio lugar, fluxos novos ou renovados que recriam as condições ambientais e as condições sociais, e redefinem cada lugar. Os fluxos são um resultado direto ou indireto das ações e atravessam ou se instalam nos fixos, modificando a sua significação e o seu valor, ao mesmo tempo em que, também, se modificam (Santos, 1982, p. 53; Santos, 1988, pp. 75-85).

Uma outra possibilidade é a de trabalhar com um outro par de categorias: de um lado, a configuração territorial e, de outro, as relações sociais (Santos, 1988). A configuração territorial é dada pelo conjunto formado pêlos sistemas naturais existentes em um dado país ou numa dada área e pêlos acréscimos que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais. A configuração territorial não é o espaço, já que sua realidade vem de sua materialidade, enquanto o espaço reúne a materialidade e a vida que a anima. A configuração territorial, ou configuração geográfica, tem, pois, uma existência material própria, mas sua existência social, isto é, sua existência real, somente lhe é dada pelo fato das relações sociais. Esta é uma outra forma de apreender o objeto da geografia.

No começo da história do homem, a configuração territorial é simplesmente o conjunto dos complexos naturais. À medida que a história vai fazendo-se, a configuração territorial é dada pelas obras dos homens: estradas, plantações, casas, depósitos, portos, fábricas, cidades etc; verdadeiras próteses.

Cria-se uma configuração territorial que é cada vez mais o resultado de uma produção histórica e tende a uma negação da natureza natural, substituindo-a por uma natureza inteiramente humanizada.

Nossa proposta atual de definição da geografia considera que a essa disciplina cabe estudar o conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ação que formam o espaço. Não se trata de sistemas de objetos, nem de sistemas de ações tomados separadamente. Nem tampouco se trata de reviver a proposta de Berry & Marble (1968) fundada na teoria de sistemas então em moda e segundo a qual "todo espaço consiste em um conjunto de objetos, os caracteres desses objetos e suas inter-relações"

O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina. Através da presença desses objetos técnicos: hidroelétricas, fábricas, fazendas modernas, portos, estradas de rodagem, estradas de ferro, cidades, o espaço é marcado por esses acréscimos, que lhe dão um conteúdo extremamente técnico.

O espaço é hoje um sistema de objetos cada vez mais artificiais, povoado por sistemas de ações igualmente imbuídos de artificialidade, e cada vez mais tendentes a fins estranhos ao lugar e a seus habitantes.

Há quem distinga os objetos das coisas, estas sendo o produto de uma elaboração natural, enquanto os objetos seriam o produto de uma elaboração social. As coisas seriam um dom da natureza e os objetos um resultado do trabalho. No seu famoso livro Vie dês Formes (1943, 1981, p. 4), Henri Focillon diz que as coisas - formas naturais - são obras de Deus, enquanto os objetos - formas artificiais - são obras dos homens.

O espaço geográfico deve ser considerado como algo que participa igualmente da condição do social e do físico, um misto, um híbrido. Nesse sentido não há significações independentes dos objetos. A frase de Simmel, retomada por Werlen (1993, p. 147), segundo a qual uma mesma sigficação pode instalar-se em diversos objetos e um mesmo objeto pode simbolizar diferentes significações sociais, não é aceitável quando o objeto é examinado de um ponto de vista geográfico.

Uma definição consistente do espaço geográfico não pode ser encontrada nas metáforas provindas de outras disciplinas. Nem os conceitos de espaço que essas disciplinas estabelecem podem passar, automaticamente, para a disciplina geográfica. Mesmo as ideias seminais de Einstein, como a da relatividade e a equivalência entre o tempo e o espaço, necessitam de adequação, para se tornarem operacionais em geografia. É à geografia que cabe elaborar os seus próprios conceitos, antes de tentar emprestar formulações de outros campos.

Relato da reunião de 31.08.2010 por Ana Carolina

RELATÓRIO DA REUNIÃO DO DIA - 31/08/2010

Neste dia foi apresentado o primeiro capítulo do livro de Milton Santos, “A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção”, intitulado, “As Técnicas, o Tempo E O Espaço Geográfico”. Neste capítulo o autor salienta que a técnica durante muito tempo foi negligenciada por alguns autores. Aborda em sua obra a importância da técnica, pois esta funciona como principal elemento que faz intermédio da relação homem e meio, “a técnica é um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e ao mesmo tempo, cria espaço” (Santos, p.29). Mas é importante ressaltarmos, como menciona o livro, que a técnica não é absoluta, embora esta ajude na interpretação do espaço, também não explica tudo, logo, podemos dizer que ela cumpre o seu papel, tem uma relevância, mas, no entanto, não é absoluta. A técnica tem toda uma historicidade envolvida em seu processo, desde a sua criação até sua operacionalidade. E de contraponto, a geografia aborda as relações sociais negligenciando a historicidade presente no espaço. A técnica nos possibilita uma melhor interpretação do espaço como já foi dito, pois esta leva em conta não só o espaço, como também a história que ele contém, tornando tempo e espaço concretos, possibilitando melhor percepção destes. Elas não só definem como também são redefinidas pelo espaço.
O coordenador do grupo, Marcelo Werner da Silva foi responsável pela apresentação da reunião levantando os pontos principais abordados pelo autor, e o exemplificou para melhor compreensão dos participantes.
O comentador Anadelson Martins Virtuoso, parabenizou o relator responsável pela apresentação e destacou no texto a questão da técnica universal (p. 58).
Durante o debate foi levantado questões, tais como, as rugosidades, que segundo Marcelo Werner da Silva, estas não implicam em uma refuncionalização, entrando em contraponto, com a idéia de outros participantes como a participante Nina Maria de Souza Barreto, que considera o termo levando em conta a sua refuncionalidade; Foi abordado, pelo participante Carlos William Maia de Oliveira Rapozo a adequação das técnicas, pois estas não são absolutas e não explicam tudo. O mesmo participante colocou em pauta as diferenças entre técnicas rudimentares e avançadas; Muito se falou também sobre a periodização, esta estuda o espaço levando em conta o contexto histórico, ou seja, o tempo. Fechamos o debate com algumas considerações finais do coordenador Marcelo Werner sobre tempo, globalização e capitalismo.

Campos dos Goytacazes, 31 de agosto de 2010.

Ana Carolina Soares Cruz.
Aluna e relatora dessa reunião.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

REUNIÃO DO DIA 16/11/2010

A reunião do dia 16/11/2010 está confirmada para as 15 horas.
Att.
Marcelo Werner da Silva

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CONFIRMADA A REUNIÃO DO DIA 09.11.2010

Estou confirmando a reunião de 09/11/2010 às 15 horas. Alguns componentes do grupo estarão em Niteroi apresentando nosso projeto na Semana de Extensão da UFF (ver no site http://www.proex.uff.br/). Porém tendo em vista os sucessivos feriados que caíram na terça-feira no presente semestre, faremos a reunião e esses participantes terão abono de faltas.
Att.
Marcelo Werner da Silva